Apresentada
em 2014 em Sturgis, nos Estados Unidos, a Indian Scout chegou para ser não
apenas a grande estrela da Indian no Brasil — é a mais acessível da marca —,
mas também um dos grandes lançamentos em nosso mercado. Exceto pelo nome, a
Scout é uma moto completamente nova, que rompe uma série de tradições e, por
isso, é uma moto que promete sacudir o segmento.
A 101 Scout,
produzida entre 1928 e 1931, é considerada
a melhor Indian já fabricada. Esse modelo continua a ser utilizado em
alguma exibições de stunt no chamado “Muro da Morte”.
De acordo
com Rodrigo Lourenço, Diretor Geral da marca na América do Sul, a Scout atual é
a evolução natural das primeiras Scout, motos ágeis e versáteis e com certa
personalidade esportiva para a sua época, características que a Indian fez
questão de incluir nesta nova, as quais, claro, estão devidamente adaptadas
à nova realidade.
Em certos
aspectos, como as linhas do chassi de alumínio forjado, as formas do tanque, do
assento e do farol, a nova versão faz clara referência à sua homônima da
primeira metade do século 20.
Dentro da
categoria custom, a nova Scout poderia ser enquadrada no sub-segmento das
cruiser. Ela está equipada com um motor V2 muito moderno e de forte
personalidade, com uma faixa de utilização bem mais ampla do que a usual para
esse tipo de moto já que ele começa a empurrar nem bem superamos 1 000 rpm e
vai assim até quase 9 000 rotações.
Original, a
Indian Scout é apenas para uma pessoa, mas, a marca vende como acessório o
assento para um passageiro
O design da
Scout mescla linhas modernas com tradicionais, clássicas, além de contar com um
motor moderno ancorado a um chassi muito chamativo em formato de triângulo,
inspirado no modelo de 1920.
Assim que
subimos na Scout, a primeira surpresa vem de sua altura. Mesmo sendo uma moto
grande, essa Indian é muito baixa, com o assento a apenas 695 mm do chão e um
comprimento de 2 315 mm.
Além disso,
ela conta com pneus “pequenos” de 16” de diâmetro, sendo o dianteiro mais largo
do que o habitual (150/80). De série traz assento só para o piloto, deixando
toda a parte superior do para-lama traseiro exposta, o que reforça ainda mais o
aspecto “low&long”(baixa e longa).
Estilo,
tecnologia e ao mesmo tempo, tradição. Esta é a receita da Indian
Quando
analisamos a Scout esteticamente encontramos uma motocicleta muito bem
resolvida e que prova que muitas vezes que simplicidade e beleza andam juntas.
A cor vermelha da moto que testamos, combinada com cromados e peças pretas,
além do banco de couro bege fazem que esta Scout seja o centro das atenções por
onde passa, goste a pessoa de motos ou não.
Outro
aspecto em que a Polaris trabalhou bastante foi em baixar ao máximo o centro de
gravidade para conseguir uma moto ao mesmo tempo estável e fácil de pilotar.
Como boa custom, o ângulo de cáster é maior que o habitual, mas no seu caso não
chega a superar os 30°.
Apesar do
tamanho, a Scout é uma moto ágil, impressiona
Tudo pensado
para que o conjunto ofereça uma agilidade digna da proposta mais esportiva do
modelo e que o guidão não seja difícil de mover em manobras a baixa velocidade
ou em curvas. E isso levando em consideração que a largura do pneu dianteiro é
de 130 mm e que, na balança, ela superou os 260 kg com o tanque de combustível
cheio.
O moderno V2
a 60° é o elemento mais destacado do conjunto fabricado em Minnesota, nos
Estados Unidos, e montado em Manaus (AM). Ele é do tipo cárter úmido, conta com
arrefecimento a líquido, duplo comando de válvulas com cabeçote multiválvulas e
o curso dos pistões não chega a 74 mm, o que é um número bem baixo se levarmos
em conta que estamos falando de uma custom.
O moderno V2
a 60° é o ponto alto da Scout
O pacote
também inclui um câmbio de seis marchas e transmissão secundária por correia
dentada, que suaviza as respostas e reduz a manutenção. Está claro que é um
motor de vanguarda e que ainda por cima apresenta um aspecto exterior muito
caprichado.
A potência
obtida no dinamômetro foi de 95 cv a 7 900 rpm (na embreagem), números muito
próximos dos declarados pela Indian. O V2 empurra de forma linear desde
rotações baixíssimas e sem buracos, oferecendo ainda uma “patada” por volta de
4 500 rpm. É definitivamente um motor de forte personalidade e de funcionamento
agradável.
A posição da
suspensão traseira é diferenciada. Já a transmissão final, segue o padrão, com
correia dentada
Ele chega a
transmitir algumas vibrações às nossas mãos através do guidão quando mantemos
velocidades de cruzeiro de forma contínua em autoestradas e o câmbio não se
mostrou dos mais precisos na moto que testamos, mas de resto, nota-se que é uma
mecânica moderna e com um lado esportivo que não encontramos em motores das
marcas concorrentes.
As melhores
provas disso são alguns dos números de desempenho que alcançamos em nossas
medições: 207 km/h de velocidade máxima real e 0-100 km/h em apenas 4,6 s. A
relação da sexta-marcha permite menos de 3 900 rpm a 120 km/h.
Apesar de
ser a mais compacta Indian, seu lugar é nas estradas
Assim,
pilotando a essa velocidade, conseguimos o consumo médio de 20,8 km/l e uma
autonomia próxima aos 250 km, o que é muito bom se considerarmos a proposta da
moto. Com esse moderno V2, a Indian mira claramente os fãs do segmento cruiser
que desejam uma moto com muito estilo e tradição e não abrem mão de uma
performance esportiva. Sem ficar em cima do muro, a Indian posicionou no Brasil
e Harley-Davidson Forty-Eight em comportamento e a H-D V-Rod Muscle, como rival
em desempenho do motor.
Assumir o
comando dessa máquina norte-americana é muito fácil mesmo para os mais
baixinhos. Chegamos facilmente com os dois pés no chão, também independentemente
de nossa estatura, assim, não temos o mais mínimo problema para manobrar a
Scout e realmente não notamos todos aqueles quilos que encontramos na balança.
Ao dar a
partida no V2 encontramos um delicioso e grave ronco saindo pelos dois longos
escapes, e como se espera de um moderno motor com arrefecimento a líquido,
quase isento de ruídos mecânicos.
O
acionamento do câmbio é bom (não faz aquele sólido “clanck”), entretanto, para
que as trocas de marcha sejam precisas, é necessário acompanhar com o pé todo o
curso da alavanca, o que acaba deixando as trocas um pouco mais lentas que em
outras motos.
O painel é
minimalista. No visor digital encontramos conta-giros, hodômetro e relógio
Tanto o tato
quanto o acabamento dos comandos que encontramos nos punhos são bons, mas
poderiam ser melhores. Já a posição de pilotagem, com os pés bastante
adiantados, o corpo atrasado e os braços esticados é algo radical, mas não
chega a ser extremo.
Se você tem
ao redor de 1,80 m não terá problemas e, pelo contrário, poderá achar a posição
imposta pela Scout natural e relaxada. Logicamente que essa posição e a total
ausência de proteção aerodinâmica castigam um pouco o piloto em trajetos longos
em estrada, mas está longe de ser algo extremamente incômodo.
Com um único
disco de freio dianteiro mordido por uma pinça de quatro pistões convencional,
além de um conjunto de suspensões simples e com pouco curso atrás, a Scout
surpreende pelo dinamismo e pela rapidez das respostas que a sua ciclística
proporciona, ainda mais se levarmos em conta o pneu dianteiro largo e o
entreeixos de longos 1 562 mm verificados.
O ABS é de
série e há um disco na frente e um atrás, ambos de 298 mm
A altura
livre do solo também não é grande (135 mm), e todos esses detalhes poderiam ser
“poréns”, mas não o são, desde que o asfalto esteja em boas condições e nós não
forcemos o ritmo além da conta nas curvas. O sistema de freios está longe de
ser um primor, mas para a moto com eficiência. Acreditamos que o pedal do freio
traseiro poderia ser um pouco maior que o utilizado.
O garfo
dianteiro respondeu bem a todos os esforços, mas a dupla de amortecedores
traseiros não mostrou a mesma capacidade. Não absorvem bem irregularidades e,
para poupar nossa lombar, temos de pilotar bem atentos e evitar ao máximo
imperfeições no asfalto.
Com estilo e
ciclística bem equilibrados, com acabamento correto, e uma mecânica moderna e
empolgante, definitivamente a Scout se apresenta com uma interessantíssima
opção no segmento, por R$ 49 990. Este preço será utilizado até o final de
fevereiro, depois, de acordo com a marca, o modelo sofrerá um aumento no preço
de cerca de 10%.
Ela será a
mais acessível até a marca trazer o último lançamento, revelado no Salão de
Milão 2015, a Indian Scout Sixty, que assumirá esta posição de ‘porta de
entrada’ da marca.
Enquanto a
Scout Sixty não chega, a Scout é a opção mais acessível da marca no Brasil
CONCLUSÃO
O trabalho
realizado pela Polaris supera qualquer expectativa, especialmente no lado
técnico. O moderno V2 oferece uma performance até agora desconhecida em uma
moto de sua categoria, e, ao mesmo tempo, não cobra o preço disso na hora de
parar no posto.
A ciclística
é mais do que aceitável e, apesar da simplicidade, ela também brilha
estéticamente. Sem dúvida a Indian Scout é uma das novidades mais importantes
do mercado e chega em um momento no qual o segmento custom está um pouco “abandonado”
(exceto pela rival Harley-Davidson).
Por: Marcelo
de Barros
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